terça-feira, 15 de julho de 2008

MILLENNIUM BCP perde metade do valor desde Janeiro


Banco perde metade do valor desde Janeiro

Capitalização bolsista do BCP caiu em 6 mil milhões de euros desde 15 de Janeiro.

Seis mil milhões de euros em apenas seis meses. É este o saldo negativo apresentado pelos títulos do BCP desde que Carlos Santos Ferreira assumiu os destinos do banco, a 15 de Janeiro último.

Se nessa altura a instituição apresentava uma capitalização bolsista de 11,23 mil milhões de euros, actualmente o banco está avaliado em 5,35 mil milhões, face aos 1,14 euros a que encerrou ontem a cotar. Ou seja, em apenas seis meses o BCP perdeu metade do seu valor de mercado: 5,88 mil milhões de euros; o que significa uma perda de quase mil milhões de euros por mês.

Para o analista do CaixaBI, André Rodrigues, a explicação para a queda de 52% dos títulos está no facto do BCP acompanhar a tendência generalizada dos mercados e, “neste contexto, os motivos explicativos desta queda são os mesmos que explicam a queda generalizada das bolsas a nível mundial”.

O corretor da Dif Broker, Pedro Lino, vai mais longe e enumera “a perda de confiança dos investidores no sector financeiro a nível mundial; o resgate de fundos; e até o facto do BPI estar a desfazer em bolsa a sua posição no BCP”, como alguns dos motivos que explicam o facto da desvalorização do BCP ser superior à do PSI 20 (que este ano perde 36%) e à do índice DJ Stoxx para a banca que recua 31% em 2008.

No entanto, o BCP não é o único banco português a registar perdas. Desde 15 de Janeiro, o BES viu o seu valor de mercado recuar em 2,23 mil milhões, seguido pelo BPI que perdeu 1,74 mil milhões.

Apenas a uma semana de divulgar os resultados semestrais, o mercado espera que Santos Ferreira apresente números superiores aos 15 milhões de euros registados no trimestre. Naquele que foi o pior resultado dos últimos cinco anos, o BCP reconheceu a desvalorização da participação no BPI, avaliada em quase 133 milhões, e a redução da periodicidade da remuneração variável.

Caso o BCP não contabilize nos seus resultados a sua posição no BPI, Pedro Lino prevê que se possa “assistir a uma recuperação dos resultados face ao último trimestre”.

Bons resultados semestrais poderão representar um balão de oxigénio para os títulos, que tocaram ontem em mínimos de cinco anos e recuaram 4%.


A pesada herança das investigações
Herdou a exposição da participação no BPI, fruto de uma OPA que não foi decidida por si, e os efeitos de uma crise de poder que destabilizou e penalizou o banco. Mas, mais do que isso, Santos Ferreira foi eleito num contexto de investigações ao BCP, por irregularidades alegadamente cometidas no período de 1999 a 2004. Para além dos efeitos na reputação do banco, o BCP arrisca-se a pagar coimas que podem chegar, somadas, aos vários milhões de euros. Como prevenção, foi constituída no início do ano uma provisão de mais de 300 milhões de euros.

Manipulação do mercado, prestação de informação não verdadeira e venda de acções próprias a clientes de forma lesiva são algumas das irregularidades que poderão estar em causa. A CMVM enviou já para o Ministério Público os resultados da sua investigação, em que se apurou existirem indícios de crime.

O Banco de Portugal espera concluir as suas investigações até ao final do mês e poderá também enviar para a Procuradoria-Geral da República, caso existam indícios de crime.

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DEVE-SE LUTAR SEMPRE PELA VERDADE NO BCP....................... "A crise aperta, a crise é forte, a crise é farta, mas algumas instituições bancárias acharam que o melhor era enterrar ainda mais os endividados na lama". Pedro Ivo Carvalho, "Jornal de Notícias", 28-11-2009