sábado, 26 de julho de 2008

"OPA de um BCP desgovernado teria destruído o banco BPI"

"OPA de um BCP desgovernado teria destruído o banco BPI"


PEDRO FERREIRA ESTEVES
Banca. Mais de sete meses depois de se ter desvanecido completamente uma união entre bancos rivais, o processo ainda gera emoções. Fernando Ulrich, presidente do BPI, explicou ontem porque não está arrependido de ter rejeitado uma OPA com um preço mais de 60% acima do valor actual Os accionistas do BPI deixaram de ganhar muito dinheiro por terem rejeitado a oferta pública de aquisição (OPA) do BCP - a meados do ano passado -, depois da recomendação nesse sentido do conselho de administração, presidido por Fernando Ulrich. A operação foi proposta a sete euros, as acções do banco valem agora cerca de 2,50 euros, menos 60%, após meses de forte abalo provocado por uma crise financeira sem precedentes. Está Ulrich arrependido? "Fosse a sete, 10 ou 23 euros, estaria hoje profundamente arrependido se tivesse contribuído para que o BPI fosse destruído por uma entidade desgovernada, gerida da forma como está agora a ser reconhecido publicamente. Nunca me iria perdoar se tivesse feito o contrário".

Quanto a um eventual desconforto dos accionistas, Ulrich esclareceu que "quem recusou a OPA foram os accionistas, nós recomendámos que o fizessem, mas a recusa foi dos accionistas". Sobre o peso da sua recomendação no sentido de uma rejeição, adiantou que "as decisões são tomadas com os dados que se têm na altura". E acrescentou: "eu também sou accionista do banco, sofri tanto ou mais do que qualquer accionista porque não há ninguém que dependa tanto do banco como eu, que só tenho acções do BPI e compradas com crédito". E guardou mais considerações "para quando os reguladores tomarem as decisões sobre os processos em curso". Uma referência aos vários inquéritos em curso pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e Banco de Portugal sobre a gestão do BCP nos últimos anos.

Questionado sobre a iniciativa posterior do próprio BPI de propor uma fusão com o BCP liderado, na altura, por um elemento da administração que classificou de "desgovernada" (Filipe Pinhal), Ulrich defendeu que essa ideia "não envolvia destruição de valor" e que "não está em causa a instituição".

Já sobre as declarações recentes do presidente do Banco Privado Português, João Rendeiro - para quem os accionistas do BPI deviam lançar uma OPA sobre o banco a sete euros -, recorreu à ironia para sublinhar que "nestas alturas de stress nos mercados, as pessoas têm dificuldade em gerir esse stress. Não posso comentar a vida do BPI através de declarações de estranhos"

Gestão do BCP terá êxito

Ulrich aproveitou ainda para esclarecer que a redução da participação no BCP - causa principal da queda dos resultados do banco - não foi um sinal de falta de confiança na actual gestão do BCP, liderada pelo antigo presidente da CGD, Carlos Santos Ferreira.

"A decisão foi tomada em função do nosso perfil de risco e não por pensar que a gestão do BCP não vai ter êxito, porque vai com certeza. Mas nós não sabemos quanto tempo o mercado demorará a reconhecer [esse êxito]", esclareceu o presidente do BPI. E completou: "Não fazemos juízos negativos sobre a actual administração do BCP, nem sobre as perspectivas de subida das acções a médio prazo, que são reais. Fazemos é um juízo sobre como queremos apresentar-nos ao mercado".

Quanto à eventual inibição de cargos aos antigos responsáveis do BCP, Fernando Ulrich não quis pronunciar-se, tal como adiantou que irá esperar para ver se se confirma um eventual ressarcimento dos alegados danos desses administradores, já reclamado pelo investidor e accionista do BCP, Joe Berardo. |

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DEVE-SE LUTAR SEMPRE PELA VERDADE NO BCP....................... "A crise aperta, a crise é forte, a crise é farta, mas algumas instituições bancárias acharam que o melhor era enterrar ainda mais os endividados na lama". Pedro Ivo Carvalho, "Jornal de Notícias", 28-11-2009